sexta-feira, 24 de outubro de 2008

De novo a Fazenda Beira Baixa

Voltemos então de novo à Beira Baixa

Durante o mês de Outubro de 1961, na Fazenda Beira Baixa, a actividade foi constante. Duas grandes operações, integradas na mega operação Viriato, tiveram lugar, uma de limpeza do itinerário Quissacala-Quipetêlo-Beira Baixa, denominada “Operação BB” e outra denominada “Operação Vassoura”, incidindo na zona a noroeste da Beira Baixa, tendo como alvos especiais a Serração, Canacassala, Quifula, Missão, Fazenda João Marques e as encostas do monte Quibaba
Estas operações cujo núcleo central era a Fazenda Beira Baixa onde estava sediada a CC 115, foram efectuadas por forças bastante significativas: alem da CC 115 e CC 117, intervieram as CCaç 138 e 270 e ainda uma bateria de Artilharia de Campanha, um Pelotão de Rec,(auto metralhadoras Panhard), e elementos de Sapadores de Engenharia.
Em 9 de Outubro passou para norte, em direcção a Nambuangongo a primeira grande coluna de reabastecimento de todo o género de produtos desde alimentos a materiais de construção e ferramentas. A partir desta data tornaram-se rotina os comboios de viaturas civis escoltadas por militares, transitando em ambos os sentidos: norte e sul.
Para que essas grandes caravanas circulassem com segurança, a actividade da tropa de quadrícula tinha de ser permanente porque o In estava muito activo em todo o itinerário desde Quicabo até Caiengue.


Esboço da Operação "BB"


Esboço da Operação "Vassoura"



CC 115 na picada entre Canacassala e João Marques.
Repare-se na árvore à direita que tem um golpe no tronco o que significa que estaria a ser cortada como abatiz, o que não foi conseguido, por escassez de tempo.


Fazenda João Marques. Momento de descontracção após a caminhada.


Outro aspecto do mesmo momento, reconhecendo-se o Cap Falcão, Tenente Cipriano Pinto, o médico Simões, Alferes Barreto, Alferes Sequeira da 138 e Alferes Noca, à direita.

Após a chegada a João Marques, procedeu-se ao exame minucioso da casa destruída e seu espaço envolvente, na busca de elementos e vestígios de interesse para recolha de informação sobre o In. Esta era a casa de habitação do colono que, como se vê, foi destruída e incendiada.

Elementos da CC 115 progredindo através da encosta do Quibaba

Outro aspecto da progressão. O militar em primeiro plano levantando as mãos, parece ser o Cap Falcão, pois parece trazer os binóculos pendurados sobre o peito e o soldado no canto esquerdo é o "São Martinho", guarda costas do Cmdt da Companhia e assim chamado por ser natural de São Martinho do Porto.

Chegados ao alto do Quibaba, mais um momento de descontracção e descanso.


Pormenor do Alferes Barreto, sinistrado devido a incidente que não recordo, com o Alferes Oliveira, (Artilharia), e o Noca dessedentando-se, com outros militares em fundo.

2 comentários:

MVHorta disse...

No dia 07Out61, segundo os Órgãos de Comunicação Social locais, o Governador-Geral Venâncio Deslandes, Comandante-Chefe das Forças Armadas, na cerimónia de abertura do Conselho Legislativo de Angola disse: "que considerava terminada a guerra contra os revolucionários de 15 de Março no norte de Angola, depois de terem sido reocupadas bastantes fazendas e plantações de café, efectuando-se então a sua colheita em todos os principais postos que haviam sido tomados após esses incidentes: ALDEIA VIÇOSA, BALACENDE, BEIRA-BAIXA, DANGE, MUCABA, NAMBUANGONGO, QUICABO, QUIPEDRO, QUISSACALA, QUITEXE, QUIXICO, VISTA ALEGRE e outros".
Entretanto sabia-se que "o fermento da revolução" aumentava além fronteiras com a ajuda de algumas potências contrárias a Portugal.

NOCA disse...

Muito oportuno, como sempre o teu comentário mvhorta.
A guerra continuou, mas oficialmente tinha de acabar para mostrar ao mundo que tudo estava em paz como dantes.
Eram agora "meros actos de polícia", que a tropa leva a efeito por se tratar de território muito extenso, onde a polícia civil não podia chegar: tudo muito bem embrulhado para mostrar nos areópagos internacionais, nomeadamente nas Nações Unidas.
"O imperialismo cega o imperador", e "não há maior cego do que o que não quer ver".