quinta-feira, 13 de março de 2008

Março de 1961

Um mês atípico em que nada aconteceu. Nada aconteceu conosco que nos dedicávamos totalmente à instrução dos recrutas, passando os dias naquele marasmo cansativo da ordem unida, ginástica, armamento, educação moral e cívica e primeiras noções de táctica e formações de combate de infantaria, (vivíamos a guerra de Napoleão, não se esqueçam). Entretanto já havíamos dado início à instrução de campo com um bivaque nas Barreiras Vermelhas, junto à estrada para a Boavista, que mereceu a visita do Inspector Geral do Exército. Este não regateou elogios aos exercícios desenvolvidos e seus executantes: sempre orientados para a guerra clássica, com formações de combate, deslocamentos e assaltos ao objectivo de peito aberto e exposto às balas inimigas, como na Guerra Peninsular.
Entretanto, a um escalão não acessível ao maralhal, decorria a preparação da "Abrilada" do General Botelho Moniz.
Em Angola a repressão nos musseques continuava e no norte eram cada vez mais expressivas as manifestações de hostilidade para com os colonos.
Salazar continuava a não acreditar na "infidelidade dos indígenas africanos": tudo se resolveria com acções de polícia.

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