Após as duas grandes operações "BB" e "VASSOURA", em que as subunidades do BC 114 reforçadas com mais duas companhias de caçadores e subunidades de artilharia e cavalaria ligeira, estiveram fortemente empenhadas, a zona, desde Mabubas até Beira Baixa, foi considerada totalmente controlada mas não "limpa" e o Comando determinou uma nova disposição das forças na sua zona de intervenção e influência.
Assim, em 24 de Outubro a CC 117 rendeu a CC 115 na Fazenda Beira Baixa, a CC 116 ocupou Quissacala-Balacende e a CC 115 instalou-se em Quicabo, com um Pelotão na Ponte do Lifune, em Anapasso.
Neste dispositivo quadricular as missões não divergiram do que antes vinha acontecendo: patrulhas de reconhecimento e procura de informação sobre o inimigo e escoltas a colunas civis e militares de reabastecimento em toda a zona de acção.
Mais concretamente, em Quicabo, sede do Comando do Bat, melhoraram-se alguns apoios logísticos com a reparação do Posto de Socorros e casa do Chefe do Posto, tornando-os habitáveis, e, sobretudo com a construção de uma infra estrutura importante como era a pista para aterragem de aviões ligeiros.
Um dos primeiros aviões a aterrar em Quicabo, trazendo o tão desejado correio.
Depois foi o NorthAtlas a lançar os fardamentos camuflados para todo o pessoal do Batalhão sobre a pista onde não podia aterrar.
Entretanto eram tambem recebidas as G-3 para substituirem as velhinhas e preciosas Mauser.
A minha agenda refere vários patrulhamentos:
- Reabastecimento de vários géneros a Quissacala em 28 de Outubro;
- Patrulha apeada a Cachila e arredores, no dia 29;
- Nova patrulha a Cachila em 3 de Novembro;
- Em 5 patrulha a Anapasso, Ponte do Lifune;
- Em 9 escolta de uma grande coluna de viaturas civis até Quissacala;
- Em 12 o 3º Pelotão ocupou Balacende, onde permaneceu até dia 20, regressando de novo a Quicabo. Durante esta estadia em Balacende houve umas cenas com uma manada de pacaças, na sequência de uma operação na região de Mimbota. Apanhámos um veado.
- Foram dias muito chuvosos, estes, passados em Balacende;
- Em 20 regresso a Quicabo e em 21 "passeio" a Mabubas e Caxito: uma patrulha para esta zona era considerada passeio.
Nesta altura o "Forte Quicabo" era um sítio onde se podia estar à vontade e fazer uma vida quase normal. De tal modo que alguns oficiais mandaram vir as esposas, tendo os casados e acompanhados ocupado o Posto de Socorros e Casa do Chefe do Posto. Eram quatro senhoras muito distintas, qual delas a mais elegante, cuja presença muito animou todo o pessoal que desde há vários meses não via população civil, com todas as consequências daí resultantes, como facilmente se depreenderá.
O mês de Dezembro já começara e aproximava-se o Natal com toda a sua carga emocional e afectiva.
Aqui ficam duas fotos da época:
Alferes Barreto, Tenente ACP, Capitão Falcão e Alferes Noca
Em pé: Soldados David, Tanquerêdo, Novo e Marinho
Em 1º plano: Cabo Bolrão, Cabo Farias, solds Arlindo e Magalhães
1 comentário:
O autor Roberto Correia (Angola - Datas e Factos), reportando-se a factos estatísticos ocorridos em Angola, refere:
"Em Dez/1961 a população branca de Angola era de 162.387 indivíduos (menos 10 mil do que no ano anterior, devido a mortes e saídas para outras paragens!).
No ensino havia mais de 2 mil escolas, sendo: 717 primárias, 1 300 de Adaptação e ainda 7 Liceus e 20 Escolas Técnicas e Normais; porém, muitos alunos estavam além fronteiras norte.
Produções (em toneladas): Açúcar 62 600; Algodão 13 099; Café 168 558; Cerveja 150 400 Hectolitros; Cana de açúcar 643 000; Cimento 157 007; Diamantes 1 149 068 (Quilates); Farinha de peixe 46.000; Feijão 13 000; Milho 161 585; Sisal 40 700; Tabaco 1 258; Trigo 22 000..........
Minérios e outros produtos:
Cobre 8 000; Ferro 814 000; Petróleo bruto 104 429; Sal 67 000..........
Entrou em funcionamento, na Companhia de Celulose do Ultramar, a sua fábrica de pasta de papel.
Existiam 397 Kms de estradas asfaltadas e 52 040 automóveis em circulação em Angola.........."
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