quarta-feira, 19 de agosto de 2009
INFORMAÇÃO AOS VISITANTES
Por isso termina aqui a referência à parte operacional da Companhia, ela continua na ZIL (Zona de Intervenção Leste - Lunda e Moxico, Alto Zambeze), para o que abri um novo blog: http://cc115.1.blogspot.com/ .
Espero lá ver os amigos que nos queiram visitar!
terça-feira, 28 de julho de 2009
48º Aniversário do Embarque da CC 115- Encontro de ex-combatentes (continuação)
A chegada à cidade de Seia é muito simpática, mas o Museu do Pão é difícil de alcançar, sobretudo para quem, como a maior parte de nós, já fez os "69"! Devido ao acidentado da zona, os autocarros não chegam ao interior nem à porta do complexo turístico/artesanal. Largam os passageiros a cerca de duzentos metros de distância que tem de ser vencida com pernas que já palmilharam muito e pedem descanso. Mas lá fomos e chegámos.
Entrados, instalámo-nos numa "mezanine" com vista para a encosta da grande serra, (Serra da Estrela), e sobranceira ao salão repleto de turistas e passantes.
O repasto, bem servido, (abundante e bem confeccionado, como convinha a ex-militares), foi degustado com alegria, em amena cavaqueira, relembrando mais uma vez situações passadas na guerra, cujas memórias já vão ficando muito longínquas. Por isso estes encontros são muito úteis para que essas vivências se vão prolongando no tempo.
Houve intervenções de alguns convivas que saudaram os camaradas, mas o mais expressivo, como de costume foi o nosso "vate" Furriel Coelho, que em tom muito inflamado de patriotismo, declamou uma quadras qe compôs expressamente dedicadas a este dia e encontro.
Composição heróico-poética apresentada pelo Furriel Coelho
A terminar e depois de brindados com lembranças especialmente relativas à Câmara Municipal de Tábua, onde o dinâmico Américo Pegado Alves é Vereador, teve lugar a partilha do "Bolo de Aniversário" de que se seguem duas fotos.
Depois do bolo bem regado com generoso espumante e de todos brindarem por longa vida e recordando os ausentes, começaram as despedidas.
Infelizmente, porque o tempo não permitiu, não pudemos visitar em pormenor o Museu do Pão, limitando-nos a ver o aspecto exterior e o Complexo Turístico serrano. Porque o comboio para Lisboa não espera tivémos de nos aligeirar e seguir directamente para a estação de Tábua, local de embarque.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
48º Aniversário do Embarque da CC 115- Encontro de ex-combatentes
Decorreu no passado dia 30 de Maio, conforme o desdobrável que deixámos abaixo o encontro dos militares da CC 115, para comemorar o 48º aniversário do embarque da Companhia para Angola no Navio-M NIASSA, em 28 de Maio de 1961.
O ponto de encontro foi fixado junto ao edifício da Câmara Municipal de Tábua, mas para ali chegar, grandes trajectos alguns tiveram de fazer.
Por exemplo os que vinham da área da grande Lisboa deram corda aos sapatos cedinho, para às 08H30 apanharem o intercidades em Santa Apolónia ou, nove minutos depois, no Oriente.
Outros fizeram percursos ainda maiores como o Arménio Guerreiro, que se fez acompanhar da filha mais nova e veio de Faro, O Alberto (condutor) e seus dois irmãos "metralhas" que vieram do Porto e ainda e sobretudo o Valentim Marques emigrado na Alemanha.
Monumento dedicado aos militares mortos na guerra do ultramar
Aproveitando a estadia em Tábua, e esse foi um dos pretextos para que o ponto de reunião fosse naquela próspera vila beirã, visitámos o monumento aos militares daquele concelho mortos na Guerra do Ultramar, em boa hora erguido numa das rotundas mais expostas da principal entrada da vila.
O Vítor Sá e o Xapirrau (foto-cine)
Arménio Guerreiro, Noca, Horta e Xapirrau
Os mesmos figurantes da foto anterior. A diferença nota-se apenas nos efeitos da água.
Manuel Simões, (Lisboa), e Xapirrau
Valentim Marques e Augusto Santos, (corneteiro).
Uma ordem caótica no frenesim da chegada e apreciação do monumento.
CC 115 no Cacuaco
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Baixa importante no BC 114 - Morreu Lemos Pires
quinta-feira, 21 de maio de 2009
As últimas Grandes Operações do BC 114 na ZIN
Peça de artilharia de campanha
Dornier sobrevoando os montes Quiunenes
quinta-feira, 30 de abril de 2009
48º Aniversário de Embarque da CC 115
Clic com o rato sobre as imagens para aumentar o zoom
Quem não tiver sido contactado pode printar o cupão abaixo e inscrever-se enviando para o Vitor Hugo Simões Sá, na direcção supra
segunda-feira, 27 de abril de 2009
A melhor evocação do 25 de Abril de 1974
sábado, 4 de abril de 2009
A CC 115 no Úcua e Pedra Verde
Com a nova disposição das tropas a partir do princípio de Janeiro de 1962 a CC 115 foi ocupar a povoação de Úcua, onde permaneceu o Comando+ Pel Ac e dois pelotões de caçadores, indo um pelotão (o 3º) para a Roça Quibaba (Quibaba II) e outro, o pelotão do Alferes Sequeira em reforço da CC 115, para Quissacala da Pedra Verde (Quissacala II).
Não tenho grandes recordações de Úcua, senão que era a sede de uma grande fazenda produtora de sisal, café e extracção de madeira, além de ser um ponto estratégico importante para as comunicações terrestres com o norte e todo o interland de Angola, (Dembos e Quanza Norte).
A povoação propriamente dita não tinha interesse especial nem havia habitantes além da tropa porque todos haviam fugido para o mato.
O Noca e o Cabo Teófilo refrescam-se do calor tropical
Um aspecto em que sobressai a área de floresta
A poente desta cordilheira localizava-se a Roça Quibaba, muito rica em café, madeiras exóticas tropicais e toda a espécie de frutos silvestres desde bananas a ananases em produção espontânea por entre a floresta. Era igualmente propriedade da tal companhia "CUNHA & IRMÃO" e para ali foi destacado o 3º Pelotão da CC 115.
Uma foto do grupo de recolha de ananases com o barracão/caserna de Quibaba II em fundo
Num dia chuvoso do princípio de Janeiro, já não tenho referência de datas certas porque a minha pequena agenda terminou, o 3º Pelotão deslocou-se de Úcua para Quibaba II, numa coluna de cinco ou seis viaturas ligeiras de transporte de pessoal guarnecidas com atrelados para transporte dos equipamentos e géneros alimentícios para uma semana, no mínimo. Ao percorrer um vale, por estrada alcatroada com declive descendente, mas pouco acentuado, numa curva aberta e com velocidade reduzida, um jepão "DODGE", 3/4 TON, entrou em derrapagem e virou-se, caindo para o lado direito, valendo o atrelado que impediu que ficasse com as rodas para cima, permitindo assim que o pessoal transportado saltasse para a berma sem perigo de ser esmagado pelo próprio jepão. Reposta a viatura na posição normal, continuou a viagem que chegou ao destino sem mais novidade.
A estadia em Quibaba II foi relativamente calma, com muitos recursos naturais como se pode ver pelas fotos e o ambiente tropical em época de chuvas, bastante agradável.
Para quebrar a rotina, verificou-se uma ocorrência deveras singular: numa noite já depois do recolher, uma sentinela deu o alerta porque o barracão/caserna estava a ser "atacado".
Analisada a situação foi necessário tomar medidas adequadas para conter uma invasão de grandes formigas que, em formação ordenada e em linha que circundava quase todo o barracão, avançavam para este, sabe-se lá com que objectivo, mas não seria bom certamente.
Não havendo meio de conter tão grande invasão, alguém se lembrou e o comando sancionou que se fizesse um grande sulco cirular entre o barracão e a formação de ataque inimiga e nele se lançasse gazolina a que se deitaria fogo logo que atingida pelo inimigo, o que aconteceu, mas sem todo o cuidado porque o soldado Serra foi atingido pelas chamas ao deitar gazolina em reforço das chamas que se estavam a extinguir. Houve necessidade de o atabafar com cobertores para evitar que sofresse queimaduras graves.
O Mito da Pedra Verde
domingo, 29 de março de 2009
Nova remodelação do dispositivo
Abertos os itinerários principais da zona dos Dembos, sobretudo os convergentes em Nambuangongo, conseguido o objectivo estratégico e publicitário da ocupação daquela vila, o poder político, em Lisboa, apressou-se a anunciar o fim das operações de combate, fazendo crer que agora as forças militares apenas faziam acções policiais, na ausência de uma polícia civil efectiva.
Neste contexto procedeu-se a uma grande remodelação do dispositivo, fazendo coincidir a ocupação militar no terreno com a divisão administrativa.
Foi assim criado o Sub-sector do DANDE que correspondia ao concelho com o mesmo nome.
O Dispositivo do Sub-sector do DANDE passou a ser o seguinte:
- Cmd e CCS (+ 1 Pel) - Mabubas
- CCaç (-) - Quicabo
1 Pelotão -Anapasso (Ponte do Lifune)
1 Pelotão -Balacende - CCaç -Tentativa
- CCaç -Quissacala
- CCaç (-) -Úcua
1 Pelotão -Quissacala da Pedra Verde (Quissacala II)
1 Pelotão -Fazenda Quibaba (Quibaba II) - CCaç (-) -Roça Bom Jesus
1 Pelotão -Mazumbo
O Comandante do BC 114 assumiu o Comando do Sub-sector do DANDE em 04DEZ62.
A missão de quadrícula consistia especialmente no apoio a equipas de Obras Públicas que começaram a limpar as faixas laterais das picadas, segurança dos transportes de pessoas e bens e patrulhamentos pelas respectivas zonas de responsabilidade, sendo frequentes os contactos com o IN, que se manifestava de forma esporádica, mas fazendo sempre sentir a sua presença. Por esse motivo as grandes operações continuaram como adiante referirei, com evidência especial para as operações "GRANADA" e "PÉ LEVE".
domingo, 22 de março de 2009
Este admirável mundo da blogosfera!
É um sítio imaginário onde se podem encontrar as mais variadas e inesperadas situações.
Na blogosfera tudo é possível desde relatos históricos a encontros de amigos antigos ou recentes.
Sendo este um blog para ligar os elementos da CC 115, hoje tivémos uma grande e agradável surpresa: após um comentário ao post "CC 115 em Quicabo a Guerra continua", a que respondi, recebi hoje este e-mail que, com a devida vénia e autorização, aqui publico para conhecimento dos que nos visitam, em especial dos elementos da CC 115.
"Exm.º Senhor António Nobre de Campos (NOCA?)
A honra é toda minha em conhecer Homens que defenderam uma Pátria, com sacrifícios extremos, longe daqueles que lhes eram mais queridos. E, acredite, tenho poucas dúvidas que essa Pátria pouco ou nada tem feito (nem fará!) para merecer o valor de tais Homens…
A relação agora descoberta e que me liga indirectamente à CC 115 é com o Capitão Falcão, então Comandante da Companhia. Era meu Tio.
Infelizmente, enquanto ele era vivo, nunca nos aproximámos o suficiente para partilhar as experiências de uma forma mais profunda. Agora, ao olhar para as fotografias que estão no vosso blog, sou confrontado com fortes sensações e emoções de orgulho, saudade e tristeza…enfim!
No âmbito das minhas actuais funções de professor no Instituto de Estudos Superiores Militares (IESM), ao preparar uma investigação sobre as Grandes Comandantes e Batalhas do Exército Português, e que irão ser publicadas periodicamente no Jornal do Exército, deparei-me com o vosso blog. Foi uma excelente surpresa.
Como compreenderá, gostaria bastante de saber mais sobre os episódios que aconteceram na CC 115. Se de alguma forma estiverem a pensar em reunir numa publicação as vossas experiências, teria muito gosto em adquirir um exemplar. De qualquer forma, irei ler com toda a atenção o vosso blog.
Caso passe pelo IESM terei todo o gosto em convidá-lo para almoçar e conhecê-lo melhor.
Reitero a elevada consideração,
Luis Carlos Falcão Escorrega
Major de Infantaria"
Nota:- O Senhor Major Falcão é Professor de Estratégia no IESM
Outra surpresa agradável e que, de certo modo, vem de encontro aos desejos manifestados pelo Senhor Major Falcão é o trabalho que o Amigo e Camarada VALHOR me enviou e aqui publico com o maior gosto: é um relato na primeira pessoa de quem viveu esses acontecimentos trágicos de 15 de Julho de 1961! Este não é um "bobo", mas um herói, porque fez e viveu a História!
sábado, 14 de março de 2009
A História e a Mitologia
O Mito de Nambuangongo
Um dos estádios da guerra subversiva é a ocupação de parte do território que se pretende “conquistar” e instalar aí o poder da guerrilha, instituindo um governo provisório, que poderá estar algures no estrangeiro. Por esse motivo e para que outros movimentos não se antecipassem, (o MPLA havia desencadeado os acontecimentos de Luanda, em Fevereiro), a UPA avançou de modo precipitado e com o maior terror possível, com os ataques a Fazendas e localidades no norte de Angola e Dembos, em Março (16) e deu um salto qualitativo com a criação do “Reino independente de Nambuangongo”.
Operação Viriato
Tendo por objectivo propagandístico ocupar Nambuagongo, ela não pode resumir-se a esse “pequeno? grande?” episódio. A resistência do IN manifestou-se e instalou-se na floresta, santuário e refúgio das populações e dos guerrilheiros que, em momentos por si escolhidos, acorriam aos caminhos e a locais propícios, para atacar os militares portugueses.
O BC 96 do T.Coronel Maçanita e a Compª de Cavalaria do Cap Abrantes chegaram a Nambuangongo e o BC 114 não chegou. Parabéns aos Heróis!
A “guerra de capoeira” do Estado Maior versus não Estado Maior, referida na publicação, infelizmente terá sido real e verdadeira, mas cuidado! O maior erro esteve na avaliação ou falta dela, no que se refere às capacidades e objectivos do IN. Os planificadores da operação aceitaram como boa a ideia de que o itinerário central, por Lifune, Quicabo, Balacende, Quissacala, Beira Baixa, Águas Belas, Onzo era o itinerário mais curto e directo, logo o mais fácil e rápido. Só que o IN pensou da mesma maneira e dirigiu para aí a sua principal resistência. Recorde-se o Combate de Quicabo e as suas circunstâncias e consequências: estavam ali combatentes da UPA de todos os comandos da região incluindo Nambuangongo, e Quipedro que fica a norte daquela vila. Ali morreram, sem dúvida os melhores e grande quantidade de combatentes da UPA, o que foi reconhecido pelo próprio IN. Veja-se neste blog o post sobre O Combate de Quicabo.
Também aqui, na referência ao Combate de Quicabo há uma expressão que não é correcta. Afirma-se na página 9 que, cito: “até que os militares da frente conseguiram fugir aos guerrilheiros…”. Isto não é verdade! Nenhum dos nossos militares fugiu a quenquer que fosse. Bem pelo contrário, todos se mantiveram firmes e audazes na luta corpo a corpo utilizando as baionetas das suas espingardas, algumas das quais ficaram dobradas e não perdemos nenhum material, (armamento ou munições), embora esse fosse um dos principais objectivos do IN - capturar material.
Respeitemos a memória dos que morreram lutando! Estes foram talvez "os únicos mortos em combate" durante toda a guerra de Angola. A luta corpo a corpo foi uma realidade, repito para que conste da história.
O dia “D” para a operação não foi o mesmo para todas as unidades: enquanto o BC 96 tem o seu dia “D” a 10 de Junho no Úcua, (que talvez seja bom não recordar as correntes de Quissacala da Pedra Verde), o BC 114 só terá o seu dia “D” a 15 de Julho, a partir da Ponte do Lifune. Portanto mais de um mês depois.
Por outro lado o T.Coronel Maçanita refere que se meteu atrás das auto-metralhadoras do Pel CAV e ala para Nambuangongo!
Os “heróis” e os “bobos”
Os heróis fazem a história, os bobos contam-na e os historiadores interpretam-na.
Sem desmerecer dos feitos do BC 96 e seus heróis, não posso deixar de lembrar aqui um pequeno episódio bem esclarecedor: O Combate de Quicabo, em Quanda Maúa, a 5 quilómetros do Lifune, em 15 de Julho de 1961 foi a maior tragédia em que me vi envolvido em toda a minha vida!
Aí por Outubro de 1961, numa patrulha que fiz à retaguarda, vim encontrar um camarada, comandante do Pelotão que fazia a segurança da Ponte do Lifune, obra de arte recuperada em madeira e fundamental para garantir as comunicações rodoviárias, completamente acagaçado e aterrorizado, dirigindo-se-me nestes termos e a tremer: “ó C…..(Noca), eles estão muito longe?” Eles era o IN. Omito o nome do camarada por motivos óbvios.
Em finais de 1963, estando colocado na E.P.I., um dia entrei na Sala de Oficiais e deparei com quase todos os oficiais da unidade, dispostos em círculo e assistindo ao relato de uma guerra, (batalha), em Angola, produzido por um camarada que se desdobrava em gestos de ataque e defesa, descrevendo cenas inauditas de terror e morte, com luta corpo a corpo e catanas e baionetas e depois a bazooka e a MP Breda, etc, com um realismo tal que todos viviam aquele espectáculo de horrores. Eu próprio fiquei admirando aquela narrativa, até ao momento em que verifiquei que a estória que ele contava não era dele, mas antes a que a minha CC 115 tinha vivido no dia 15 de Julho, a 5 quilómetros da Ponte do rio Lifune. Este camarada era o mesmo que encontrara acagaçado na Ponte do Lifune em 1961.
Luta Corpo a Corpo
Os relatos produzidos na publicação sobre este assunto parece não condizerem com os do Alferes Miquelina que foi do BC 96, o qual afirma algures no seu blog que “isso de luta corpo a corpo, nunca existiu na Guerra de Angola!”, cito de memória.
Pelos vistos a guerra do Alferes Miquelina não foi a mesma que os elementos do BC 96 fizeram e relataram para o autor do livro. Vejam lá se se entendem! O Alferes Miquelina também era do 96.