sábado, 14 de março de 2009

CC 115 em Quicabo a Guerra continua.

Apesar de abertos os itinerários até Nambuangongo que já permitiam o reabastecimento, incluindo a civis, para reposição da actividade económica da região, no Outono de 1961, o IN continuava a manifestar-se com tiros esporádicos e à distância, sobretudo na zona de Baixa das Palmeiras e Sete Curvas, locais muito propícios a emboscadas e favoráveis aos guerrilheiros.
O Comando determinou a execução de uma operação a duas Companhias (115 e 117), para bater a zona Nor-Nordeste de Quicabo, (montes Quiunenes), caracterizada por orografia muito acentuada, atingindo a cota de 800 metros no ponto mais alto, o N’Zoa. Além de orograficamente muito difícil o terreno é fortemente florestado.
A CC 117 entrou pelo lado poente. Cachila e Birila e a CC 115, pela Baixa das Palmeiras, subiu a íngreme encosta Leste, até ao alto do N’Zoa.
Trilhando caminhos indígenas lá fomos subindo, encontrando aqui e ali vestígios de presença e actividade humana, nomeadamente lavras de mandioca e algumas palhotas, habitações dos agricultores,
Já em pleno planalto dos Quiunenes a testa da coluna foi surpreendida por um tiro isolado de canhangulo, que não atingiu qualquer militar: ter-se-á tratado de algum vigia que com o tiro avisou as populações por si controladas, para fugirem. Efectivamente encontrámos depois uma pequena povoação de palhotas completamente abandonadas, mas com vestígios de presença humana recente. Além deste episódio a Companhia não teve mais contacto com o IN nem com populações, caracterizando-se a operação pelo desgaste físico e psíquico que causou no nosso pessoal, devido ao acidentado do terreno e imprevisibilidade da situação que, a cada momento, poderia descambar para qualquer situação de ataque.

Aviões ligeiros na pista de Quicabo em 1967, portanto seis anos depois da nossa estadia.
Tem interesse por ter em fundo os montes M'Zula ao perto e o N´Zoa ao longe.

Local de captação de água no Rio Lifune. Foto também muito posterior.

Um aspecto dos montes Quiunenes em foto aérea.

Outro aspecto dos Quiunenes, cujo pico mais alto é o N´Zoa.
PS - Não posto fotografias da época por não ter nenhuma alusiva a esta operação, mas as da subida ao Quibaba na Beira Baixa poderão repetir-se aqui, com o pessoal a transportar o armamento e equipamento individual e ainda os meios de transmissão e respectivos acessórios

4 comentários:

MVHorta disse...

O Bat. Caç. 114 nunca deu sinais de lasso nem de enfraquecimento. As suas Companhias foram sempre à procura dos guerrilheiros, esse "inimigo" que fugia evitando o combate. A emboscada de Quanda Maúa, foi a excepção. As emboscadas tinham sempre lugar em terrenos íngremes e de denso manto de floresta tropical. Contudo, deixei de acreditar naquela guerra, a partir da data em que algumas das forças de reabastecimento e outras, a um primeiro sinal de fogo (fogacho), despejavam para para lá todo o seu potencial de munições e batiam em retirada, só parando no acampamento.

Hawk disse...

Quero, desta forma simples mas sentida e sincera, prestar homenagem à CCAç115, história da qual gostaria de conhecer mais profundamente, principalmente por razões emocionais (familiares), mas também históricas e profissionais, pois sou Oficial do Exército (Major de Infantaria).
Luis Falcão

NOCA disse...

Olá Caro Major de Infantaria Luis Falcão!
Não tenho o prazer de o conhecer, mas apraz-me dizer que muito me honra a sua visita a este blog que pretende precisamente estabelecer a ligação entre antigos elementos da CC 115 e, naturalmente, seus descendentes.
Se quiser partilhar connosco a relação familiar que o liga à nossa querida CC 115, dar-nos-á muita alegria.
Um abraço e ficamos a aguardar novo contacto. Se assim o entender tem o nosso endereço electrónico:
ancampos@netcabo.pt

Unknown disse...

CARO AMIGO HORTA A EMBOSCADA DO QUANDA-MAÚA NÃO FOI DE FORMA NENHUMA
FRACASSO DO 114 E MENOS DA 115 TIVE A HONRA DE VIVER DE PERTO OS ACONTECIMENTOS ERA-SOU DA 116 E JA´OUVI UM ELEMENTO DA UPA AFIRMAR QUE FOI O PRIMEIRO GRANDE FRACASSO DELES - programa de joaquim salgado
na RTP UMA SAUDAÇÃO A TODA A 115
PARREIRA 1508 da116