terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A CC 115 em gestação

Os nove meses (período normal da gestação humana) que antecederam o embarque da CC 115 para Angola foram aparentemente normais, mas ricos de acontecimentos que levariam ao desenlace da guerra.
Ocorreram em 1960 incorporações inusitadas, pelo número de instruendos, nos COM e CSM, (cursos de oficiais e sargentos milicianos). Terminados os referidos cursos, no mês de Janeiro de 1961, impostas as insígnias, (na altura chamavamos-lhes bichas), de aspirante miliciano e cabo miliciano respectivamente (ainda não havia furrieis milicianos), feitos os sorteios para colocação nas unidades e a escala de mobilização, de acordo com as classificações obtidas nos respectivos cursos, seguiram os "massaricos", aspirantes a oficial e a sargentos milicianos, com guias de marcha para as unidades da quadrícula nacional, nomeadamente para aquelas onde íam ter início as grandes "escolas de recrutas" dos mancebos incorporados em 1961. Era a 1ª incorporação maciça, com vista à mobilização militar, o que não evitou que fossem chamados às fileiras muitos militares que se encontravam na disponibilidade.
Os outros militares do quadro permanente, nomeadamente o Comandante da Companhia e seu Adjunto, Sargentos, Cabos RDs (recem regressados de Macau, quase todos) e Soldados prontos, na quase totalidade, faziam parte dos efectivos da E.P.I..
Os soldados de transmissões e condutores auto, andavam dispersos pelas suas escolas e colocações de especialidade.
Na EPI, os soldados prontos e cabos faziam o serviço de guarnição: alem de faxinas, plantões e ordenanças diversas, tinham as guardas ao quartel, piquetes, guardas ao Paiol na Tapada e vigilância no Alto da Vela, como defesa avançada do quartel: já se sentia o nervosismo das chefias militares.
Em Janeiro de 1961, um episódio abalou a opinião pública nacional e internacional: o Paquete Santa Maria foi assaltado em pleno mar, durante um cruzeiro pelas Caraíbas.
Um grupo chefiado por Henrique Galvão tomou de assalto aquele pequeno paquete transatlântico, que, para um país como Portugal, era uma unidade importante.
Embora os objectivos dos assaltantes fossem levar o navio sequestrado para Angola, esperando apoio de revoltosos naquele território, não conseguindo os seus aventureiros intentos, Henrique Galvão resolveu rumar para o Brasil, onde se rendeu às autoridades brasileiras, entregando o navio e seus ocupantes sãos e salvos.
É neste ambiente que se começa a moldar a CC 115.

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