segunda-feira, 21 de julho de 2008

CC 115 - "COMBATE DE QUICABO" na Op.VIRIATO

Se a Operação Viriato foi a mais complexa e de maior duração em toda a Guerra de Angola, entre Fevereiro de 1961 e Abril de 1974, o "Combate de Quicabo", em Kuanda Maúa, foi o episódio mais importante de toda a Operação Viriato.
O "Combate de Quicabo", alem de ser a última vez que os insurrectos se atreveram a atacar em massa, com tão grande número de combatentes, ele determinou uma alteração decisiva no modo de encarar a guerrilha pelos independentistas.
A UPA sofreu ali o seu maior revés, perdendo a maioria dos seus melhores combatentes, o que aliado à efectivação da ocupação de Nambuangongo e abertura dos respectivos acessos, empurrando os guerrilheiros definitivamente para a mata, contribuiu definitivamente para que o peso da balança pendesse para o MPLA, organização melhor preparada sob o aspecto ideológico e preparada para uma guerrilha por tempo indeterminado.
Isto é, os Independentistas da UPA que já alardeavam a posse de um território dentro de Angola viram-se despojados desse território, refugiando-se em pequenas bolsas no interior da floresta, sem poderem apresentar qualquer povoação em seu poder, limitando-se a montar emboscadas em pontos estratégicos das picadas, onde gozavam da superioridade da surpresa e do conhecimento do terreno. Tinham, no entanto dificuldades de abastecimento, nomeadamente em sal e pólvora, testemunhadas por documentos encontrados no evoluir das operações.
O MPLA, mais implantado na sociedade civil angolana, teve a sua oportunidade de dar o salto qualitativo da guerrilha na direcção de novas formas de actuar, nomeadamente com novas armas que viriam a tornar-se fatídicas para a tropa portuguesa, as minas.

1 comentário:

MVHorta disse...

Não estarei muito longe da realidade ao afirmar que o ataque de Quanda-Maúa (Quicabo) foi O ÚNICO CHOQUE FRONTAL, digno desse nome, de duas massas de combatentes.
Nos ataques susequentes, a guerrilha evita a inclemência do embate militar frontal, provavelmente por ter sofrido a maior derrota que conheceu até então, deixa de dar a cara e opta por atacar as nossas colunas militares emboscando-se em terrenos íngremes de grande cobertura vegetal que o guerrilheiro conhece perfeitamente e, se lhe é dada perseguição, foge evitando o combate, e, em segundos, desaparece através da espessa vegetação, dado que, o terreno ocupa, no conjunto do meio natural em que as operações se desenrolam, um lugar de primordial importância, exercendo uma enorme influência sobre a manobra.
Contudo, em algumas dessas emboscadas, o guerrilheiro actua sob o factor surpresa e entrincheirado estrategicamente em terreno de difícil acesso, passa a criar problemas muito sérios para as nossas tropas, uma vez que caminha para o abandono do uso da catana e do canhangulo e começa a utilizar armamento automático.