A Operação Viriato, cujo objectivo foi abrir os itinerários conducentes a Nambuangongo, ocupar esta vila e garantir o livre trânsito nos referidos itinerários, foi certamente a operação mais complexa de toda a campanha militar em Angola. Nela foram empenhadas forças muito significativas de infantaria, cavalaria, artilharia e força aérea, e mais tarde pàra quedistas.
A operação desenvolveu-se em vários tempos, durante cerca de dez meses, e contemplou várias sub-operações localizadas em sub-regiões do grande teatro de operações que eram os DEMBOS, (Sector 3 da Zona de Intervenção Norte).
Se bem que na sua concepção e execução se tenha verificado uma certa unidade e uniformização das acções conducentes à conquista dos objectivos almejados, as unidades autónomas tiveram diferentes dias "D" e diferentes objectivos intermédios, condicionados pela natureza dos obstáculos que lhes iam surgindo e ainda e sobretudo da disponibilidade de material de guerra, nomeadamente material circulante, (viaturas).
Assim, enquanto a CC 158 a partir do Ambriz e o BC 96 a partir de Úcua, tiveram o seu dia "D" (início da operação), aí por 10 de Julho de 1961, o BC 114 só ficou realmente operacional em 11 de Julho do mesmo ano e só em 14 seguinte se tornou possível ultrapassar, com viaturas, o Rio Lifune a norte de Mabubas, cuja ponte fora totalmente destruída pelo In e agora reconstruída, em madeira, pela Companhia de Sapadores em reforço ao BC 114.
A operação desenvolveu-se em vários tempos, durante cerca de dez meses, e contemplou várias sub-operações localizadas em sub-regiões do grande teatro de operações que eram os DEMBOS, (Sector 3 da Zona de Intervenção Norte).
Se bem que na sua concepção e execução se tenha verificado uma certa unidade e uniformização das acções conducentes à conquista dos objectivos almejados, as unidades autónomas tiveram diferentes dias "D" e diferentes objectivos intermédios, condicionados pela natureza dos obstáculos que lhes iam surgindo e ainda e sobretudo da disponibilidade de material de guerra, nomeadamente material circulante, (viaturas).
Assim, enquanto a CC 158 a partir do Ambriz e o BC 96 a partir de Úcua, tiveram o seu dia "D" (início da operação), aí por 10 de Julho de 1961, o BC 114 só ficou realmente operacional em 11 de Julho do mesmo ano e só em 14 seguinte se tornou possível ultrapassar, com viaturas, o Rio Lifune a norte de Mabubas, cuja ponte fora totalmente destruída pelo In e agora reconstruída, em madeira, pela Companhia de Sapadores em reforço ao BC 114.
Constituição da Testa de Ponte
Nestas circunstâncias, em 11 de Julho de 1961, faz hoje precisamente 47 anos, a CC 116 deslocou-se, de madrugada, de Mabubas para Anapasso, em viaturas com luzes apagadas, aproveitando o crepúsculo do plenilúneo, (lua cheia), para manter o segredo da operação. Chegados ali, os militares transpuseram o rio Lifune, a pé e sobre os destroços da ponte destruída. Um Pelotão (+) ficou a garantir a segurança e defesa do local e a outra parte da CC 116 constituiu Testa de Ponte, indo instalar-se no morro denominado Kuanda Maúa, a cerca de 4/5 quilómetros de Anapasso.
Nestas circunstâncias, em 11 de Julho de 1961, faz hoje precisamente 47 anos, a CC 116 deslocou-se, de madrugada, de Mabubas para Anapasso, em viaturas com luzes apagadas, aproveitando o crepúsculo do plenilúneo, (lua cheia), para manter o segredo da operação. Chegados ali, os militares transpuseram o rio Lifune, a pé e sobre os destroços da ponte destruída. Um Pelotão (+) ficou a garantir a segurança e defesa do local e a outra parte da CC 116 constituiu Testa de Ponte, indo instalar-se no morro denominado Kuanda Maúa, a cerca de 4/5 quilómetros de Anapasso.
Ali, ocupou e organizou o terreno tomando posição defensiva na crista militar com postos de vigilância e observação em todas as direcções, nomeadamente sobre a picada que leva a Quicabo, apesar das grandes dificuldades criadas pela densa floresta que contorna todo o morro.
Por volta do meio dia de 11, chegou a Anapasso a Companhia de Sapadores 123 (-) que deu imediato início às obras de construção de uma ponte em madeira, apoiada nos tramos de alvenaria, caídos no leito do rio.
Por volta do meio dia de 11, chegou a Anapasso a Companhia de Sapadores 123 (-) que deu imediato início às obras de construção de uma ponte em madeira, apoiada nos tramos de alvenaria, caídos no leito do rio.
Em 14 passaram as primeiras viaturas de sul para norte pela ponte reconstruída em madeira.
Neste tempo, ou seja de 11 a 14 de Julho de 1961, a CC 115 fazia os últimos aprontos no Caxito, recebendo as últimas viaturas, que foram atribuídas aos respectivos condutores, sem qualquer treino para conhecimento das mesmas.
O Inimigo e o segredo militar
"O Segredo é a alma do negócio", diz o povo, e na guerra o factor surpresa é fundamental para o êxito das operações militares! Por mais cautelas que se tenham tomado nesse sentido, o segredo foi quebrado e o inimigo deu disso provas, nomeadamente num documento mais tarde encontrado e que, pelo seu valor histórico, vou transcrever:
Carta dirigida pelo Comandante da UPA de QUIPEDRO, (ANTÓNIO TIAGO CALEIA), ao Comandante da UPA de QUICABO, datada de 07JUL61
"Antes de mais nada espero que esta cartinha lhes encontre de boa saúde na companhia de vossas famílias. Nós cá graças a Deus estamos regulares e sempre temos pensado em vós.
Quero dizer-vos que neste mesmo dia às oito horas da noite apanhamos na Emissora Oficial isto é na Rádio onde os nossos inimigos faziam os seus discursos de contentamento e indicavam o lugar onde se encontram que é o rio Lifune, onde eles tentam avançar para o Norte inteiro.
Eles trabalham dia e noite arranjando a ponte do Lifune para poderem vir até aqui. Por isso quero dizer para vós não estarem cansados, mas sim devem fazer grandes buracos pelo caminho e cobri-los com coisas finas e por cima dos buracos com um pouco de barro para quando eles passarem cairen nesses buracos. Mas espero que usem de coragem para estes nossos inimigos não poderem vencer aquilo.
Tenhan coragem e tenham fé em Deus porque Este é o nosso Ajudador. Conforme diz a notícia da Radio, os nossos inimigos querem avançar para o Norte em direcção de Quicabo porque dizem eles que nesta região é onde se encontram os terroristas mais bravos.
Por isso irmãos espero que se mantenham bem firmes para o bom andamento do nosso trabalho.
Eles estão procurando os lugares mais fortes para depois de tomados fazerem daquilo que eles bem entenderem. Mas nós não o consentiremos. Meus irmãos tenhamos coragem e devemos estar bem unidos para vencermos este nosso inimigo facínoro.
Se Deus quiser quando receber o material hei de enviá-lo com urgência. Por aqui espero terminar com os meus cumprimentos."
Nota - Esta carta merece-me três comentários:
- É de salientar a correcção da escrita revelando uma erudição avançada, nessa matéria;
- A grande preocupação da UPA pelo avanço da tropa Portuguesa pelo eixo Lifune-Quicabo;
- A Emissora Oficial com a sua preocupação de levantar o moral das populações estava a dar cartas ao inimigo, nomeadamente revelando a reconstrução da ponte, que nessa data ainda estava em projecto.
2 comentários:
Autêntico!
O NOCA descreve, no tempo e no espaço, passo a passo, tudo quanto os seus olhos observaram por aquelas paragens; E mais! guardou religiosamente esses documentos para autenticar, se for caso disso, a veracidade do que deixa escrito. As suas descrições não são inconsequentes nem entra no campo das volubilidades. O assunto é sério e merece ser tratado com grande cuidado e ponderação.
Claro mvhorta!
Queremos dar um modesto mas rigoroso contributo para compreensão e estabelecimento das bases da história de Angola, agora independente e membro dos "PALOP".
Para isso temos autoridade especial porque vivemos e fomos interventores nesse tempo histórico, pelo que contamos os factos na primeira pessoa.
Além disso podemos dispôr de documentos autênticos, obtidos por meio de companheiros que guardaram o que puderam e vasculharam nos arquivos militares.
Refiro-me, claro, aos camaradas Manuel Valadas Horta e Fernando Silva Cardoso.
Se algum mérito houver no trabalho que estou a fazer, em grande parte a eles se deve.
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