Nesta missão de reserva do Comando, a actividade operacional era constante e contínua.
Assim, em 18 de Agosto, fomos em patrulha de reconhecimento até à Ponte do Lifune, com a missão específica de queimar o capim da beira da picada. Aproveitou-se a oportunidade de passar por Kuanda Maúa para fazer um reconhecimento e exploração mais profundos da floresta circundante no local do "Combate de Quicabo".
Foi neste reconhecimento e exploração que fomos encontrar cadáveres de negros, combatentes feridos, que na fuga foram caindo pelos caminhos de retirada. Recordo especialmente um que estava caído em pleno carreiro, de bruços, com um braço estendido para a frente e um canhangulo agarrado pela outra mão, debaixo do corpo em decomposição muito adiantada.
Recordo outro que estava relativamente perto do local do ataque, mascarado e abrigado por um grande tronco de árvore caído, segurando na mão um grande punhal muito afiado, que conservo como troféu, feito a partir da lâmina de uma catana com dois gumes e com o cabo da baioneta de uma antiga arma do exército colonial, uma cropatchek.
Encontrámos ainda uma pistola muito engenhosamente construída a partir de uma coronha manufacturada em madeira, na qual foi incrustado um cartucho de metralhadora "browning", (12 mm), como cano e um sistema de disparo por meio de um gatilho e cão retido à retaguarda por um elástico, num sistema muito expedito, a qual se encontrava ainda carregada e que, ao dispará-la apontada para o chão, abriu um buraco enorme a dois metros de distância.
Finalmente encontrámos um depósito de fardamento destinado aos guerrilheiros, constituído por camisolas brancas, calções e sapatilhas, tudo em grande quantidade.
Pela localização e quantidade deste material, ele indiciava que o In estava a preparar nova concentração de forças para intervir na Ponte do Lifune, por se tratar de um objectivo estratégico muito importante para o reabastecimento das nossas tropas.
Em 19, Patrulha a Quipetêlo para levar reabastecimento de víveres e outros produtos. No retorno, ficámos em Balacende. Ali passámos o dia 20, onde almoçámos, em convívio com a família da 115, vindo pernoitar novamente a Quicabo.
A 21 o 3º Pelotão terminou a missão que vinha desempenhando como reserva do Cmd/Bat e regressou para o seio da CC 115 em Balacende.
Ao chegar a Balacende trazíamos uma "estória" para contar: quando a coluna de viaturas circulava pela picada na Baixa das Palmeiras, antes de chegar às Sete Curvas, uma onça atirou-se de uma árvore sobre um jeepão, que transportava uma secção de caçadores. Felizmente a fera mediu mal a velocidade da viatura e caiu na picada, iniciando de imediato a perseguição correndo na direcção da mesma viatura. Só que teve azar, porque havia várias armas prontas a disparar que a fizeram desaparecer na floresta.
Nos dias que se seguiram os pelotões da CC 115 dedicaram-se a patrulhas de limpeza da região de Balacende, nomeadamente em Quixona e Mangúia, sendo apoiados pela força aérea com aviões Fiat e caças T-6 Harvard.
Este é o famoso T-6, um pequeno caça de treino que foi de grande préstimo no apoio às patrulhas apeadas e em toda a progressão até à Beira Baixa.
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