terça-feira, 20 de maio de 2008

Mafra e a Escola Prática de Infantaria

História da EPI-Escola Prática de Infantaria * LOMBA

ESBOÇO HISTÓRICO

As relações de Mafra com a Infantaria são bem antigas, pois em 1809, na preparação para fazer face à terceira invasão francesa, Beresford estabelece no Convento um "DEPÓSITO DE RECRUTAS DE INFANTARIA", com a missão de receber e instruir os soldados novos antes de se incorporarem nas unidades da Arma.

Guilherme Ferreira de Assunção no seu livro "À SOMBRA DO CONVENTO" refere que o conde Raczynski terá afirmado que em edifício de tão grandes dimensões seria possível alojar alguns regimentos. Escreve, ainda, que D. Maria II, após visitas à vila de Mafra, tinha reconhecido a vantagem da instalação de um corpo militar no Convento.

A partir de 1841, segundo o mesmo autor, o Convento começou a ser ocupado por militares. O Batalhão de Caçadores n.º 27 foi o primeiro e depois seguiram-se:

- Batalhão de Caçadores n.º 8; - Infantaria 1, 2, 5, 7,10, 12, 15, 16, 17 e 23; - Caçadores 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 8; - Artilharia n.º 4; - Lanceiros n.º 2; - Cavalaria 4, 9, e 10.

1846 - Por diploma de 20 de Dezembro, sendo ministro da guerra o Conde de Tomar, é prevista a organização de campos de instrução, alguns com escolas militares que davam continuidade ou desenvolviam algumas escolas existentes em unidades militares.

ESCOLA PRÁTICA DE INFANTARIA E CAVALARIA:

1887 - Por carta de lei de 22 de Agosto, reinado de D. Luís I, o ministro da guerra Visconde de S, Januário - funda a Escola Prática de Infantaria e Cavalaria que começa a funcionar no CONVENTO DE MAFRA. Assim se materializou naquele ano, a ideia da criação de escolas práticas destinadas ao desenvolvimento da instrução profissional dos oficiais de infantaria e de cavalaria, reunindo-se num estabelecimento a instrução prática das duas armas, por se terem achado comuns às duas, algumas especialidades de instrução militar.

1888 - A 9 de Janeiro, sendo comandante o Coronel César Augusto da Costa é publicada a primeira Ordem de Serviço. Nesse mesmo ano inicia-se a construção da carreira de tiro, considerada na época a melhor do país.

ESCOLA PRÁTICA DE INFANTARIA:

1890 - Em 17 de Abril, três anos após a fundação, separam-se as escolas de infantaria e cavalaria, continuando a primeira a funcionar em Mafra e em 24 do mesmo mês é publicado o regulamento inicial da Escola Prática de Infantaria. Pretende-se além do estipulado pela regulamentação de 1887, completar a instrução prática dos oficiais saídos da Escola do Exército e habilitar os indivíduos dos diferentes graus hierárquicos na prática de todos os serviços que eram os da Arma, experimentar armas de fogo, estudar melhoramentos no equipamento e fardamento da infantaria. Pelo mesmo regulamento era dividida a Escola em duas secções - Tiro, Esgrima e Ginástica.

1890 - Em 29 de Abril é publicada a primeira ordem de serviço da Escola Prática de Infantaria de que era comandante o coronel Joaquim Herculano Rodrigues Galhardo.

1893 - Subscrito pelo general Luís Augusto Pimentel Pinto, é publicado a 25 de Outubro o novo regulamento da EPI em que fica estabelecido o quadro orgânico e definida a missão no que respeita à instrução da Arma.

1902 - Por regulamentação desse ano definem-se os princípios estruturais expressos do antecedente, iniciando-se assim os cursos de promoção a oficial superior e passando a funcionar na EPI a Escola Central de Sargentos.

1911 - Passa a Escola a designar-se Escola de Tiro da Infantaria, dedicando-se especial interesse à instrução de tiro e concretizando-se a evolução verificada no exército pela qual era atribuída menor importância à instrução táctica dos quadros.

1920 - 1º Curso da Escola Central de Sargentos.

1926 - Em 17 de Setembro cria-se finalmente a Escola Prática de Infantaria, designação que se mantém até ao presente. Na década de 40 a EPI mobilizou o BI 20 para os Açores e destacou, na década de 50, o Batalhão Vasco da Gama para a Índia.

De 1961 a 1974 a EPI desenvolveu um extraordinário esforço na preparação e formação de quadros para a guerra de África, tendo destacado a Companhia de Caçadores 115 para Angola e a Companhia de Caçadores 176 para Moçambique.

Em 25 de Abril de 1974, a Escola foi uma das Unidades mais determinantes na "Revolução dos cravos", contribuindo decisivamente para a restauração da democracia e liberdade em Portugal.

"Sendo fiéis à ideia tida e à palavra dada" (transcrição de parte da placa comemorativa do 20 anos do 25 de Abril, colocada na Porta D´ Armas) a Escola volta a ter papel relevante em 25 de Novembro de 1975.

Nota do bloger: Fui retirar este esboço histórico a http://www.lomba.no.sapo.pt, por me parecer o melhor conseguido. Ao seu autor a devida vénia com as minhas homenagens e agradecimento.
PS. Sublinhado do bloguer

5 comentários:

MVHorta disse...

Excelente trabalho de pesquisa.
Parabéns!

NOCA disse...

Caríssimo mvhorta, vou lançar-te um desafio: sei que tens material importante sobre este assunto. Eu próprio poderia, e já pensei em fazê-lo, ir ao teu blog e capturar alguma coisa para o meu/nosso, mas parece-me mais autêntico seres tu a apresentá-lo. Poderás fazê-lo como comentário ou, se preferires de outro modo dá-me uma dica que eu vou lá procurar.
Ad omnia parati!

MVHorta disse...

Quanto à transcrição/transferência de dados do Blog "VALHOR" para o Blog "NOCA" não é problema nenhum. Tudo o que possa ter interesse e ajude a clarificar uma ou outra situação é só transcreveres.

MVHorta disse...

A D. João V se ficou a dever a REMODELAÇÃO DO EXÉRCITO e a construção do CONVENTO DE MAFRA.

Curiosidades:
No dizer dos biógrafos, D. João V, era:
"de huma estatura bizarra, e proporcionada, de agradável presença, magestoso aspecto, olhos grandes, e pardos, nariz quasi aquilino, e todas as mais feições proporcionadas, agil, desembaraçado, e robuzto. He animado de hum espirito vivo, e sublime (...), admiravel comprehensaõ nos negócios, prodigiosa memoria, com hum conhecimento individual de toda a pessoa, que huma vez vio, e de inviolavel segredo (...) nos divertimentos moderado, porque o seu mayor saõ os livros."

Do Livro: Reis e Rainhas de Portugal
Autor: Manuel de Sousa
Editor: SPORPRESS

Carlos Correia de Almeida disse...

Bom trabalho, obrigado.
Meu nome é Carlos Corrêa d’Almeida e sou trineto do fundador da Escola Prática de Infantaria e Cavalaria, em 1887, o ministro plenipotenciário do Rei D. Luís I, Januário Corrêa d’Almeida (1.º Conde de São Januário).