Por esse motivo nem sei já se dormimos na noite de 27. Grande parte não pregou olho. O certo é que ao alvorecer do dia 28 estava a CC 115 sobre rodas, a caminho da Estação de Caminho de Ferro de Mafra. Aí, tomado o comboio especial para a tropa, lá vamos na primeira etapa rumo ao desconhecido. A maioria nunca teria feito aquele percurso de comboio até Lisboa. Recordo bem a passagem pelos apeadeiros e estações sem parar, nomeadamente a passagem no troço do Vale de Alcântara, com o Aqueduto das Águas Livres a esmagar-nos e o Casal Ventoso pendurado sobre os túneis que ali há.
No Cais de Alcântara, os expedicionários que haviam de superlotar o cargueiro NIASSA, transformado em transporte de tropas, em circunstâncias difíceis de entender e piores de suportar, (era o que havia), formaram em parada ocasional para o discurso da praxe e despedida do Ministro da Defesa.

Não havia muita gente a despedir-se. As grandes multidões de familiares e outros, em grande parte mobilizados pelos opositores à guerra e ao regime, só muito mais tarde se verificariam.

A entrada a bordo foi de grande curiosidade para todos. Havia mesmo algum entusiasmo e entrega generosa a uma causa que não era bem conhecida, mas que se pensava ser do interesse de Portugal. Não havia ideal político, mas antes sentimento de solidariedade para com portugueses que estavam sendo afectados na sua integridade física e patrimonial. Os interesses dos outros, ninguém se preocupava com eles nem isso interessava que fosse discutido
1 comentário:
O que lá vai, lá vai!!!
Providencialmente, a Constituição Portuguesa privilegia os países de expressão portuguesa preconizando que com eles devemos manter laços especiais de amizade e cooperação.
Enviar um comentário